domingo, 1 de maio de 2011

22. "Aqui e agora"

Passei,transi ou fui ? Transfui que trans ?
Cis quê ? Prefixo a que destino imoto ?
Movido de que prós ou forças vãs,
Para que inércia ou paz de quid ignoto ?


Eunte a que vindoiro alvo remoto ?
Essente quê ? nihil no adverso mas
Que oponho ao ser, se o espírito derroto
(Meu,que o divino é em altas barbacãs).



Tudo é cá tempo em espaço pervertido :
Ontem que abre amanhã no instante ardente
E se fecha no nunca humano havido


Para sempre ficar como jamais
Agora e aqui eu mesmo, - ermos sinais
De que Deus me povoa e me consente.




Vitorino Nemésio, O Verbo e a Morte, 1959